Cinco ilustres desconhecidos da Libertadores
Com o início da fase de grupos da Copa Libertadores da América, as apostas de título recaem nas equipes brasileiras, nas argentinas e há até quem levante as tradições de conhecidas associações do continente, casos de Olimpia, do Paraguai, ou de Peñarol, do Uruguai. Afinal, dos 32 participantes do campeonato deste ano, 15 já conquistaram o cobiçado troféu, disputado desde 1960. Mas quais seriam os novatos, aqueles que poderiam pregar peças, como o fizeram em outras edições o colombiano Once Caldas, campeão em 2004, e o paraguaio Guaraní, semifinalista na temporada passada?
A revista GQ Brasil apontou cinco (supostos) azarões, nem tão conhecidos fora de seus países, que planejam tomar pontos de favoritos, alcançar a segunda fase e sonhar com algo mais. Ou seja, dar sequência à linhagem de “penetras” no torneio de nome mais charmoso do mundo. Confira quem são os principais jogadores destes times e saiba mais sobre suas histórias e curiosidades.
Trujillanos (Venezuela)
Fundado em 1981, o clube de Valera já conquistou a Copa Venezuela por duas vezes, em 1992 e 2010. Mas foi o inédito troféu do torneio Apertura, em 2014, que levou os “Guerreros de la Montaña” a voltar à Libertadores após 21 anos. Entre os destaques da equipe estão alguns remanescentes da campanha vitoriosa, como o zagueiro e capitão Edixon Cuevas, o volante Johan Osorio e o meia Maurice Covas, além do argentino Horacio Matuszyczk – ex-jogador do Boca Juniors –, o técnico do time desde então.
Fique de olho – O centroavante colombiano James Cabezas, 31 anos, voltou ao Trujillanos depois de uma passagem pelo Mineros de Guayana. Ídolo da torcida, ele foi um dos jogadores mais importantes no título nacional de 2014.
Na Libertadores – Em sua única participação no torneio, em 1995, o clube foi eliminado ainda na primeira fase, somando apenas um ponto, no empate por 2 a 2, com o Olimpia (Paraguai), em casa. Em 2016, os venezuelanos estão no Grupo 1, o mesmo de River Plate (Argentina), The Strongest (Bolívia) e São Paulo.
Estádio – O José Alberto Pérez tem capacidade para 25 mil espectadores. É conhecido também pelo apelido de “Cementerio de los Grandes”, devido às dificuldades encontradas pelos times que enfrentam o Trujillanos ali.
River Plate (Uruguai)
O clube nasceu em 1932, sendo batizado em homenagem ao conterrâneo River Plate Football Club, fundado em 1897, quatro vezes campeão uruguaio e hoje extinto. Fruto de uma fusão entre o Capurro (dele herdou as listras brancas e vermelhas da camisa) e o Olimpia (dele, as asas da bandeira, que foram parar no escudo), o time alcançou seu maior feito ao chegar às semifinais da Copa Sul-Americana de 2009. Agora, a equipe do técnico Juan Ramón Carrasco aposta em atletas como o prata da casa Schiappacasse, 17 anos, e o brasileiro Ronaldo Conceição, ex-zagueiro de Internacional e Náutico.
Fique de olho – Michael Santos ajudou o River a bater a Universidad de Chile na pré-Libertadores, marcando um dos gols da classificação do time de Montevidéu. Aos 22 anos, o camisa 10 já defendeu seleções uruguaias de base e a principal, e negocia sua ida para o Málaga, da Espanha, onde jogaria na próxima temporada europeia.
Na Libertadores – O River surpreendeu a tradicional Universidad, com uma vitória por 2 a 0, em casa, e um empate por 0 a 0, em Santiago, no Chile, e carimbou seu passaporte para disputar o torneio continental pela primeira vez. A equipe está no Grupo 2, com o Nacional (Uruguai), o Rosario Central (Argentina) e o Palmeiras.
Estádio – Inaugurado em 1928, ainda nos tempos do Olimpia, o Parque Federico Saroldi se tornou a casa do River. Uma das atrações do bairro do Prado, o estádio cercado por árvores pode receber 6 mil torcedores.
Melgar (Peru)
O time ganhou o nome em homenagem ao poeta Mariano Melgar (1790-1815), que se tornou mártir ao lutar pela independência peruana, ser preso numa batalha e, por fim, fuzilado. Atual campeão nacional, o rubro-negro comemorou seu centenário em 25 de março do ano passado e tratou de contratar reforços para a disputa da Libertadores. Chegaram à Arequipa nomes como os dos colombianos Juan Andrés Bolaños e Dahwling Leudo, do costarriquenho Diego Estrada e do atacante José Carlos “Zlatan” Fernández, que chegou a posar com a camisa do Defensor La Bocana, mas acertou mesmo com o time no qual já havia jogado, em 2006.
Fique de olho – O peruano Ysrael Zúñiga, 39 anos, e o argentino Bernardo Cuesta, 27, foram os grandes responsáveis pelo título de 2015. Juntos, os dois balançaram as redes 31 vezes no campeonato (o veterano atacante fez 19 gols e seu parceiro, 12).
Na Libertadores – Nesta edição, o Melgar está no Grupo 5, com Atlético Mineiro, Colo-Colo (Chile) e Independiente del Valle (Equador). A equipe luta para passar da primeira fase, na qual foi eliminada em suas outras duas participações, em 1982 e 1984.
Estádio – Com capacidade para 60 mil espectadores, o Monumental de la Unsa (Universidad Nacional de San Agustin) é onde El Dominó vai mandar seus jogos. Lá, a equipe tentará fazer valer seu futebol e se aproveitar dos efeitos da altitude de Arequipa, cidade a 2345 metros acima do nível do mar.
Independiente del Valle (Equador)
Tendo enfrentado um grupo difícil na Libertadores de 2014, com Botafogo, San Lorenzo (Argentina) e Union Española (Chile), o Independiente sonha em passar para a segunda fase nesta edição. O time de uniforme parecido ao do Internazionale de Milão é treinado pelo uruguaio Pablo Repetto desde setembro de 2012, o que o torna o primeiro técnico no Equador, em 20 temporadas, a permanecer no mesmo clube por três anos seguidos. “Los Rayados del Valle” contam ainda com atletas que já serviram à seleção equatoriana, entre eles o goleiro Librado Azcona e o zagueiro Arturo Mira.
Fique de olho – A dupla formada pelo atacante José, 21 anos, e o meia Julio Angulo, 25, é a esperança ofensiva da torcida. Enquanto o centroavante já chegou à seleção do Equador e deixou sua marca no segundo jogo da pré-Libertadores, contra o Guaraní, do Paraguai, o camisa 17 é o responsável por criar jogadas para o ataque do time.
Na Libertadores – Foi com muito sofrimento, mas a vaga no Grupo 5, com Atlético Mineiro, Colo-Colo (Chile) e Melgar (Peru), veio. O Independiente chega à segunda Libertadores após vencer o Guaraní por 1 a 0, em casa, e perder por 2 a 1 em Assunção – na segunda partida, os paraguaios desperdiçaram um pênalti aos 50 minutos da etapa final.
Estádio – O General Rumiñahui foi um inca que comandou seu exército contra tropas espanholas no século 16, virou herói nacional e hoje dá nome a banco, estrada, cooperativa de crédito e escolas do país, além do estádio onde o Independiente faz seus jogos. Inaugurado em 1941, o local tem capacidade para 7.233 torcedores.
Cobresal (Chile)
Tem sua sede em El Salvador, cidade a 2300 metros acima do mar e fundada em 1959, para abrigar mineiros que explorariam o cobre no deserto do Atacama. Intimamente ligado à mineração, o time recebe aportes financeiros da estatal Codelco (Corporación Nacional del Cobre de Chile). Ainda que os valores depositados venham diminuindo desde 2010, com a crescente escassez do material nas minas, os resultados aparecem: a equipe do técnico argentino Dalcio Giovagnoli conquistou o torneio Clausura 2015.
Fique de olho – O capitão e meia Johan Fuentes, 32 anos, é o motorzinho dos “Mineros”. Ele lidera o time ao lado do lateral Patricio Jerez, 28, no clube desde 2013.
Na Libertadores – É o único invicto na história da copa até hoje: em 1986, o time comandado pelo centroavante Iván Zamorano – sim, o ídolo da seleção chilena é cria das categorias de base do clube – venceu uma partida e empatou as outras cinco. Para enfim passar da primeira fase, o Cobresal enfrenta sua segunda Libertadores no Grupo 8, fazendo companhia a Corinthians, Cerro Porteño (Paraguai) e Santa Fé (Colômbia).
Estádio – Para fazer crescer grama em El Cobre, construído em pleno deserto, em 1980, foi preciso recorrer às terras de Copiapó, a 205 quilômetros de El Salvador. O estádio tem capacidade para receber 20 mil torcedores, número bem maior do que o da população da cidade, de cerca de 8 mil habitantes, pois teve de ser ampliado em 1986 para o time cumprir o regulamento e poder mandar seus jogos em casa, na Libertadores daquele ano.