O tapa na cara que acorda pra vida
Salve galerinha que viaja por aqui em Bandeira Dois! Semana está apenas começando, Brasileirão afunilando em níveis pika e eu resolvi, inexplicavelmente me ater a outra ponta da tabela. Tudo porque comecei a analisar de modo racional o fenômeno de atividade reversa que atinge equipes que após anos cirandando o descenso, enfim não resistem e acabam namorando o colo morno do capeta. Estaria certo o poeta do clichê errando que se aprende?
Falo isso por conta do avanço atípico de equipes que melhoraram significativamente após serem rebaixadas. Vasco, Corinthians, Fluminense… Penso até que times que ficam num jejum absurdo de faturar algo que preste, deva sofrer tal queda para se reestruturar e voltar a ser um clube que preste. Certamente as séries subalternas servem para uma reflexão, é a lupa que torna visível todos os mínimos erros. O Vasco da Gama, por exemplo, havia estacionado no tempo, amargava um jejum de títulos vergonhoso – porque o Campeonato Carioca é nível monkey nu -, viu a torcida diminuir e nada fez. Precisou levar um tapa no pé da orelha, ser rebaixado em casa e ver um torcedor se frustrar num harakiri da marquise para então perceber que reestruturação era a palavra chave. Foi ruim? Lógico, mas só por um ano.
O Vasco voltou da Série B indisposto a tolerar qualquer presepada de quem quer que seja e tivemos a prova disso no início do Carioca desse ano quando mandou embora técnico e alguns brigões mudando totalmente a filosofia de trabalho e transformando novamente a equipe Cruzmaltina no gigante que sempre foi. O fruto desse supletivo, que começou na Série B, vê-se hoje numa equipe competitiva que disputou com chances reais de títulos todos os campeonatos do ano e hoje lidera o Nacional.
Outro exemplo é o Corinthians que há anos vinha jogando a la caralho, enganando, irritando e após a queda viu a necessidade de retomar a postura que o consagrou como o time da segunda maior torcida do Brasil. Investiu em marketing, contratações que resolvessem, adotou um caráter diferente e há 2 anos vem desfilando na linha frente do futebol Brasileiro.
Ser rebaixado nunca será bom, deve ser evitado, mas tem equipe que precisa raciocinar rápido antes que a Segunda Divisão seja sua tábua de salvação. E uma vez estando lá, é bom saber usar essa oportunidade de ressurgir no efeito estilingue. Palmeiras e Botafogo não souberam aprender com o erro. Caíram juntos, subiram juntos e abraços amargam as vergonhas em seus respectivos estados ao ver todos os seus rivais conquistando títulos de expressão e essas duas equipes sonhando um sonho distante.
Mas se existe um clube que conseguiu crescer na mesma progressão com que descia, esse clube é o Santa Cruz. Disputando a Série D, jogando no tártaro, no subsolo do inferno onde se encontra a King Size do capeta, o Santa conseguiu fazer uma renda de bilheteria que muito clube da Série A nem sonha. Comparem as bilheterias do Botafogo nos últimos anos com a do Santa Cruz na Série D. O Tricolor pernambucano fez a proeza de ter o maior público de todas as Séries e diretamente do orifício posterior do inferno colocou mais de 60 mil fanáticos no estádio. Pra um clube que amarga a infelicidade de rebolar no alegórico do Senhor Satã não tendo nenhuma renda, nem ajuda da CBF,tirando tudo do bolso e servindo salgadinho frio pro centro-avante matador, uma renda oriunda de uma torcida que põe uma média de 35 mil torcedores no estádio é chuva pinga em festa de petisco.
Fico imaginando quando esse time chegar à Série A, quantos alucinados tricolores pisarão o estádio para ver tal feito. E mantendo nas séries de acesso essa média de público, o Santa Cruz tem tudo para chegar na Primeira Divisão ao menos com uma equipe competitiva, afinal qual patrocinador não disputará uma vaguinha na camisa de um clube que lota arquibancada todo jogo?
Aliás, existem umas equipes na Série A que exibem vergonhosamente um público tão pífio que talvez passar umas temporadas na Série D comendo angu com tutu e tomando banho gelado em chuveiro com gota eletrificada seja o combustível pra tirar uns velhacos de casa que nunca comparecem e contribuem praquele enorme mosaico de cadeiras que somos obrigados a assistir toda semana na telinha da Globo.
Palmeiras, Botafogo, Grêmio, Atléticos… Cuidado hein. Nada a ver ter que perder o frinfa pra então perceber que é possível correr atrás da honra.
Dois Toques e a gente sai na cara do gol.
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