Tapetão, a folha de limpar do futebol nacional
O futebol é um esporte muito maneiro se respeitada a regra-mor de ganha quem faz mais em 90 minutos. Desrespeitar esse princípio básico tem caráter vital e contribuição direta para o descaso no mundo da bola bem como o apequenamento pra quem isso não pratica. E o tal ponto no Tapetão é semelhante a ser detonado no jogo de gude e recorrer a mãe para reaver as pelotas. Ridículo.
Nessa semana que passou o Flamengo tentou chorar no colo quente da justiça desportiva por conta de uns pontinhos perdidos por méritos próprios num jogo contra um pequeno no estadual mais charmoso e sem graça do Brasil. De fato, Deus deve ser rubro-negro, porque as chances de classificação do Mengo acabou sem que fosse preciso de apequenar dessa forma. Um clube de tradição (qualquer clube de tradição) deveria pensar dez vezes antes de fazer um papelão desse. Pega mal e gera piada.
Mas piada ainda maior foi um dirigente do Fluminense repudiar a atitude ridícula da diretoria do Flamengo. O mundo inteiro sabe que o Flu é recordista em limpar o traseiro no tapetão, que nada mais é que um enorme papel higiênico pra quem foi incapaz de higienizar os fundos no tempo regulamentar.
Truanesco esse lance de pontos no Tapetão e quem pensa em se valer de tamanha bizarrice infundada deve sim ser achincalhado e chicoteado nu em praça pública. Mas como um dirigente do Fluminense é capaz de repudiar o Tapetão se o tricolor carioca é casado com essa artimanha? Os caras de 1996 pra cá caíram, usaram o Tapetão pra descair, descaíram, mas caíram de novo. Caíram mais uma vez. Na Série C usaram o tapete grande para subir pra B e prejudicaram o coitado do São Raimundo alegando que os amazonenses utilizaram algum craque estratosférico capaz de anular seu dream team comandado por Roni e Magno Alves. Não satisfeitos usaram mais uma vez o tribunal do mal para o supletivo mais famoso que se tem notícia, o tapa na cara do abecedário reverso – De C pra A sem passar por B. Depois de um passado tão limpo, pergunto: Puxa Flu, depois de anos de casamento vai cuspir no prato que comeu?
Obviamente, o que o Fluminense fez ou deixou de fazer não minimiza o que o Flamengo faria ou o que o Palmeiras tentou fazer para tirar o toba da mira do Roco ano passado, mas impossibilita o dito cujo de se pronunciar. Uma coisa é você recair e fazer uma vez – é feio, mas só fez uma vez. Outra é você ser remanescente.
A única maneira de evitar esses fiascos é acabar com o Tapetão. Só permitir utilizá-lo em casos extremos. Senão esse desvio de caráter e auto-ofensa a honra sempre acontecerá. Fora que é muito cômodo jogar sabendo que em caso de suspeita de afanação é só recorrer ao limpador de orifícios do desporto-mor.
Dois Toques e a gente sai na cara do gol.
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